Uns gritavam, outros se apressavam a passar, alguns se sentiam incomodados, afinal, prostitutas, bêbados e mendigos, já fazem parte desta paisagem. Mas, enfim, todos tinham o mesmo interesse – comprar.
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A garganta estava seca, o estomago embrulhado, a ansiedade era tanto que não podia esperar, também não era para menos, o dia tinha sido árduo.
Mais um dia de trabalho – pensei, enquanto contava o dinheiro. O lucro do dia não havia ultrapassado a casa dos R$ 20,00. Pouco? Não! Já acostumado com a situação não reclamava. Vida de trabalhador brasileiro é assim mesmo, trabalha muito e ganha pouco!
Sem ligar para multidão que passava e exaustivamente perguntava os preços, desmontei a barraca e pegando a caixa, passei a separar os cd´s, um por um, estilo por estilo. Do lado esquerdo os de MPB, do outro lado os de funk, e assim sucessivamente.
Sem perceber, deixei um cd cair no chão. Só fui me dar conta disso quando um homem chegou ao meu lado e disse:
- É seu?
- Sim - respondi
- Quanto custa? - perguntou.
- É R$ 5,00, porém já acabou o expediente, chega por hoje.
- Sabe com quem você está falando? – indagou
- Não sei. A única coisa que sei, é que quero ir embora. Já fechei por hoje, se quiser volte na segunda - feira.
Com muita raiva e tirando sua credencial do bolso, esbravejou:
- Polícia! Você está preso.
Sem direito a resposta, levei um tapa na cabeça, fui algemado. Sem reclamar, fui conduzido até um carro que estava logo a frente.
Enquanto isso, a massa comprava sem dar do ocorrido...
Era mais um caso despercebido; Camelô!
Rodrigo Freitas
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