Este refrão que você acabou de ler foi entoado por muitas pessoas, principalmente há poucos meses atrás. Milhões de brasileiros cantaram e repetiram incansavelmente esses pequenos versos carregados de ideologia (assim penso, ou pelo menos deveria ser), a cada instante, a cada gol, a cada bola perdida ou defendida durante a desastrosa passagem da nossa seleção pela Copa do Mundo.
Digno de nota. Não. Infelizmente nosso País não é um dos mais patriotas. Embora exista o discurso ufanista, o patriotismo tem passado bem longe das terras “brazucas” (talvez ele tenha se escondido na Alemanha, Reino Unido, na França, ou em outros países europeus, onde o índice de pessoas de origem muçulmana apaixonados pela cultura dos países onde residem é maior do que o amor identitário dos nascidos nos mesmos – segundo pesquisa realizada pelo Instituto Gallup e a Fundação Coexist).
E por que será que o amor a pátria, a defensoria dos valores, a busca por uma identidade e a disseminação da cultura brasileira só se manifesta de quatro em quatro anos? Talvez a resposta não seja tão simples, porém, existem alguns fatores que nos dão subsídios para a construção de um diagnóstico.
Entre eles está a desestimulação da cultura. Atualmente, o Brasil é a 8ª economia do mundo, com PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 1,8 trilhão, podendo tornar-se, daqui a aproximadamente cinco anos, a 5º economia mundial. Estes dados podem parecer animadores, no entanto, o investimento em educação ainda é deficiente. Neste ano o País investiu cerca de 4,6% do PIB no seguimento, o que é pouco. Além disso, existe grave déficit no programa estipulado pela Rede de Ensino. Embora a história brasileira (cultura) esteja na grade curricular e seja replicada aos alunos, ela ainda não estimula, em sua totalidade, e não supre todas as necessidades socioculturais dos estudantes. Infelizmente, nossos jovens não são incentivados a cultuar a nação e os produtos culturais que temos (música, arte, dança e literatura contemporânea). Fato esse que cria certo desinteresse e, por conseguinte, confere ao País uma diluição identitária.
Outro fator diz respeito à globalização. Cada vez mais, somos condicionados a aceitar que temos que ser cidadãos universais. Com isso, a cultura, que até então era propriedade exclusiva da nação, passa a ser executada em um processo mútuo, em que não existe referencialismo, regionalismo, ou costumes e ideias não compartilhadas.
Só para se ter uma ideia, a maioria dos momentos mais importantes da vida de muitos brasileiros não são celebrados e lamentados com artefatos da nossa cultura.
Casamos ao som da marcha nupcial de Felix Mendelssohn (alemão), morremos ao som do pianista Frédéric Chopin (polonês). Enfim, acreditamos que o que vem de fora é melhor, não é a toa que a língua mais falada do mundo é o inglês.
E o olha só, não adianta vir com o papo que é um detentor da cultura nacional ou amante da pátria. Pois não se curte samba somente no carnaval, ou não se vai ao estádio somente durante a final do Campeonato Brasileiro. E também, não se assiste apenas Central do Brasil, ou não se lê somente Carandiru. Mas sim, se aprecia tudo isto e mais um pouco, todos os dias. Ou seja, o processo cultural deve ser contínuo.
Então cabe a você fazer algo para mudar a situação existente. Precisamos resgatar o que sobrou da nossa identidade, senão nossa cultura poderá desaparecer completamente, ou só seremos taxados de “brasileiros” na época da Copa do Mundo onde o modismo e o País estão em evidencia.
“A cultura histórica tem o objetivo de manter viva a consciência que a sociedade humana tem do próprio passado, ou melhor, do seu presente, ou melhor, de si mesma."
(Benedetto Croce)
Artigo publicado na coluna semanária que eu tenho na TVABCD
Data: 27/08/2010
Endereço: www.tvabcd.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não é permitido a postagem de comentários depreciativos e insultos.
Críticas construtivas e sugestões serão bem-vindas!